Tás a sentir?

Haverá desporto mais nobre do que o rugby? Pode haver, mas eu ainda não o descobri! O que mais me fascina no rugby é não ser apenas um desporto, mas o que de mais semelhante existe hoje em dia a uma batalha medieval, onde as armas são substituídas pela astúcia, destreza, coragem e inteligência dos jogadores. Engana-se aquele que só vê no rugby um jogo de brutos onde andam todos à pancada, como tenho ouvido frequentemente. As regras, são complexas! Não são quase inatas como as que conhecemos do futebol. É preciso perder tempo a estuda-las e a percebe-las. Talvez seja necessário joga-lo para amá-lo… Eu mesmo, antes de jogar não gostava porque não o compreendia! Mas quando se começa a jogar, começasse a perceber a maneira de jogar e tudo o que lhe está associado, desde o espírito de sacrifício da equipa, camaradagem, companheirismo, entreajuda, união. Não é por acaso que no rugby não existe tanta troca de jogadores como no futebol. As melhores equipas são aquelas onde os jogadores já se conhecem há muito tempo e que por isso mesmo confiam uns nos outros. O rugby é um desporto de equipa, onde cada jogador tem uma função muito bem definida e todos dependem de todos. É comum num jogo de rugby de 15, um ou mais jogadores não tocarem na bola uma única vez durante os 80 minutos. Porém, são esses mesmos jogadores que têm as funções mais esgotantes e duras. Estou a falar dos avançados, peças cruciais na defesa e na recuperação de bolas. Basta pensar um pouco para se perceber que, quando o objectivo de um jogo é transportar a bola nas mãos até à linha adversária, com 15 jogadores pela frente, cujo único propósito é placar o homem que transporta a bola sem dó nem piedade, não pode haver espaço para individualismos. Temos que ter a astúcia para saber entrar, quando há espaço para entrar, ou ter a frieza e a calma necessária para no momento exacto fixar o adversário e passar ao companheiro de equipa. Este espírito de sacrifício e entrega ao jogo sente-se tanto mais, quanto maior for a coesão duma equipa e isso vê-se dentro e fora das quatro linhas.
Chegamos ao ponto aonde eu queria chegar. O que até aqui foi descrito, foi a maneira como eu vejo, sinto e vivo o rugby. Tenho esta visão, porque foi aquela que me foi dada pelo clube onde tenho o prazer de jogar e onde me sinto verdadeiramente em casa. Não porque alguém me disse, mas porque o sinto sem necessidade de palavras. Este espírito de grupo coeso, de amizade, de confiança e orgulho, é algo que tem vindo a crescer ao longo do tempo e que nos tem unido a todos.
Somos hoje um clube em crescimento. Quase todas as semanas aparecem novos elementos nos treinos que querem aprender a jogar e fazer parte desta equipa. Dos mais novos aos mais graúdos, ninguém escapa à febre do REC! Começamos a precisar dum sítio para treinar com mais condições - um relvado sintético mais precisamente. Resta-nos esperar e ter fé que a CME não se esqueça de apoiar o desporto na nossa cidade branca.
Dedicação e empenho!